Gil do Vigor, Felipe Titto e Daniel Goleman no 1° dia da Rio Innovation 2025.

“A inteligência artificial jamais vai superar nossas emoções e experiências de vida”, afirma Daniel Goleman

Empatia, conexão e autenticidade foram palavras de ordem em algumas das palestras mais concorridas da tarde do primeiro dia do Rio Innovation Week. Uma delas foi a de Daniel Goleman. Psicólogo e escritor, Goleman é reconhecido internacionalmente e autor do best-seller “Inteligência Emocional”, obra que redefiniu o conceito de inteligência. Considerado pelo Financial Times e Wall Street Journal como um dos pensadores mais influentes nos negócios, Goleman sustenta que o desenvolvimento da inteligência emocional amplia a empatia, possibilitando a transformação de pessoas, organizações e sociedades de dentro para fora.



Diante de uma plateia atenta, o “pai da Inteligência Emocional” explicou o funcionamento do cérebro sob o efeito das emoções e a relevância do equilíbrio emocional a partir do estado de presença e do foco no momento presente. Goleman destacou que essas habilidades fazem com que a inteligência emocional se sobreponha à artificial. Provocado por perguntas do físico Marcelo Gleiser, o psicólogo abordou diferentes assuntos ligados à inteligência emocional e ao domínio das emoções.



“A inteligência emocional é uma habilidade definidora para o desempenho profissional e pessoal das pessoas. A IA é muito mais inteligente do que nós em muitas coisas, mas não domina o campo das emoções. Essas habilidades são unicamente nossas. Dependemos dessa ferramenta para gerenciar os relacionamentos. Como exemplo, a intuição é resultado da nossa experiência de vida, e isso nunca poderá ser superado pela IA”, explicou.



E prosseguiu na defesa pelo indivíduo. “A IA não tem o repertório que nos permite compartilhar o mundo com as pessoas. À medida que a IA entra na nossa rotina de trabalho, a inteligência emocional passa a ser ainda mais relevante. O aprendizado social é uma habilidade que tornará as pessoas mais eficazes em todas as suas funções”, afirmou.



Goleman arrancou risos da plateia ao fazer um comentário: “Converso com diferentes pessoas que têm condições econômicas e sociais diversas. E o que me atrai é a riqueza delas, a maneira como elas se relacionam. E essas questões não são definidas pela condição social, mas pelas habilidades emocionais. Eu prefiro conviver com o Dalai Lama do que com o Elon Musk”, declarou.





Brasil: 3º país em usuários do Chat GPT



A Inteligência Artificial também foi tema da mesa “Regulação Inteligente: IA, democracia e responsabilidade”, que debateu a necessidade de regulação das novas tecnologias. Participaram do debate o Head of Latam & Caribbean Policy da OpenAI, Nicolas Robinson Andrade, a Diretora Executiva Mover, Natalia Paiva, e a sócia do Urbano Vitalino Advogados da área de Tecnologia e Inovação, Lorena Botelho.



Nicolas explicou que o Brasil é o terceiro país com mais usuários de Chat GPT no mundo. “Nossa missão é que todas as pessoas possam se beneficiar com o uso de inteligências artificiais. Um exemplo disso é o estado do Tocantins, que tem usado o Chat GPT para resolver problemas complexos da administração pública”, comentou. “Temos que promover as novas tecnologias ao mesmo tempo em que precisamos regulá-las”, reforçou Nicolas.



“Estamos lidando com tecnologias que evoluem diariamente. Então, como podemos criar regras para algo que está constantemente mudando?”, questionou Natalia.

Crédito: Ag. Enquadrar/ Divulgação RIW

Empatia é transformação



Quem também defende a empatia como fator de transformação da sociedade é o psicofarmacologista Rick Doblin. Fundador da Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos – MAPS, o norte-americano é doutorado em políticas públicas pela Universidade de Harvard, Kennedy School of Government, na qual dissertou sobre a regulamentação do uso medicinal de psicodélicos e marijuana. No RIW, Doblin projetou uma sociedade mais empática e conectada. “O futuro da psicodelia é criar uma sociedade com mais compaixão, com as pessoas mais conectadas.  Uma população que age com mais empatia não se deixa manipular por maus governantes”, afirmou.



Conexão a partir da autenticidade foi a tônica da palestra “Conectar para pertencer: comunicação genuína e comunidade em tempos de desconexão”. Nela, a Head de talentos Mari Lima e o economista e influenciador Gil do Vigor debateram sobre a importância de influenciadores que sejam autênticos e não atuem diante das câmeras, a fim de criar uma conexão genuína com o público. Além disso, destacaram a importância da educação para criar uma comunidade influenciada positivamente.



Como influenciador, Gil mistura suas habilidades para explicar aos seus seguidores temas difíceis relacionados. Ele falou também sobre sua iniciativa de apoio à jovens, que já auxiliou 26 estudantes a passarem em universidades públicas. “Eu percebi que as pessoas estavam carentes de realidade nas redes sociais. Eu acho que quando você traz verdade no seu conteúdo, consegue se conectar com as pessoas. E quando você transforma a vida de uma pessoa, acaba impactando mais pessoas, alcançando a família e os amigos”, considerou.

O tema também foi abordado no painel “Da influência ao Equity: a estratégia por trás do ecossistema de Felipe Titto”. Ao lado de Camila Farani, sócia-fundadora da boutique G2 Capital e uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina, o empresário Felipe Titto ressaltou o senso de pertencimento na relação com o público e o consumidor.



O Rio Innovation Week prossegue nesta quarta-feira, 13, com inúmeras atrações, entre elas a palestra “IA na cozinha? O que John Maeda tem a dizer vai te surpreender”. Maeda é vice-presidente de design e inteligência artificial da Microsoft. A RIW terá também o escritor Marcelo Rubens Paiva, o filósofo Luiz Felipe Pondé, o cantor Ney Matogrosso e o cientista James Daniel Whitfield, que falará sobre computação quântica.

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