A escritora Conceição Evaristo, uma das vozes mais potentes da literatura brasileira contemporânea, foi homenageada na 15ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup). Imortal da Academia Mineira de Letras e vencedora do Prêmio Jabuti, a autora participou, na última terça-feira (29), da mesa “As Coisas que Mamãe me Ensinou”, dentro do projeto Mora na Filosofia, que antecede oficialmente a programação da Flup 2025.
O encontro aconteceu no Rio de Janeiro e teve como tema central a ancestralidade e os ensinamentos maternos que moldam a identidade e a resistência cultural de muitas mulheres negras. Em sua fala, Conceição relembrou as lições da mãe como alicerces da sua trajetória:
> “Samba, ao mesmo tempo que é um lazer, é uma resistência. É o lugar onde você tem a oportunidade de se explodir em alegria, mas também tem uma responsabilidade”, afirmou.

Ao seu lado, a sambista e deputada estadual Leci Brandão compartilhou memórias afetivas da mãe, falecida em 2019. Em tom emocionado, lembrou a relação espiritual da matriarca com o orixá Xangô, celebrando a data simbólica do evento:
> “Hoje é dia de Xangô, orixá da justiça. Ele tem muito a ver com a história da minha mãe. Uma imagem de São Jerônimo que ela guardava com fé ainda está na minha casa. Tudo que ela vivia, pedia e agradecia a Xangô.”

A mediação ficou por conta da jornalista Flávia Oliveira, que destacou o papel da maternidade negra como uma sabedoria cotidiana que atravessa gerações.
> “Mãe preta ensina capoeira. No sentido de gingar, desviar do perigo, dar um salto, cair de pé e seguir adiante”, pontuou.
Flup 2025: literatura, resistência e celebração
Com o tema “Ideias para Reencantar o Mundo: Escrevivências, Sonhos e Batidões”, a 15ª edição da Flup acontece entre os dias 17 e 23 de novembro e 27 a 30 de novembro de 2025. A celebração deste ano presta tributo a Conceição Evaristo e ao seu conceito de “escrevivência”, que valoriza as experiências vividas pelas mulheres negras como matéria literária potente e transformadora.
A programação completa será divulgada nos próximos meses e promete reunir nomes da literatura, música, arte e filosofia, reafirmando o compromisso da Flup com a valorização da cultura periférica e das vozes historicamente marginalizadas.
