Do subúrbio carioca à Nasa: Duilia de Mello encanta plateia do Rio Innovation Week com sua trajetória de explorar as estrelas

Mentora de jovens cientistas e ativista das mulheres na ciência, a astrônoma Duilia de Mello contou um pouco de sua trajetória na palestra “Explodindo estrelas, inventando o futuro: a astronomia como caminho de vida” nesta quarta-feira, no Rio Innovation Week, no Píer Mauá. Professora da Catholic University of America, em Washington, e colaboradora da Nasa, a pesquisadora contou um pouco de sua história desde a infância, quando era uma criança nerd e fã de ficção científica, em suas palavras, até se tornar pesquisadora da Nasa.



“Minha mãe foi uma pessoa muito importante na minha carreira. Ela que me levou pela primeira vez em um observatório. Saímos de Brás de Pina, perto da Penha, pegamos um ônibus e chegamos ao Observatório do Valongo, aqui atrás”, disse, se referindo ao observatório da UFRJ, no Centro do Rio. “Minha mãe me perguntava enquanto a gente subia a ladeira: ‘Minha filha, você vai estudar isso mesmo?’ À medida que eu subia aquela ladeira, mais certeza eu tinha de que eu queria ser astrônoma.”



A palestra fez parte da conferência Ciência para Todos, do físico e cientista Marcelo Gleiser, amigo de longa data de Duília. A pesquisadora acumula importantes méritos científicos no currículo, incluindo a descoberta de uma supernova – uma explosão estelar extremamente brilhante e poderosa que ocorre quando uma estrela chega ao fim de sua vida.



“Em 1997, no Chile, eu estava estudando sozinha à noite. Aponto para um lugar no céu, onde tinha a galáxia que estudava e, em vez de terem cinco estrelas, tinham seis. Eu fiz uma triangulação e percebi que a estrela a mais estava, na verdade, em cima da galáxia. Essa intrusa era uma supernova em expansão, em explosão. Eu estava vendo uma estrela morrer”, disse sobre a Supernova 1997D, uma das mais fracas já observadas.



A cozinha tecnológica de Maeda: macarrão, matemática e Inteligência Artificial



Cozinha e Inteligência Artificial cabem na mesma panela? Para o tecnólogo John Maeda, pioneiro em design computacional, a resposta é sim. Recebido por Marcelo Gleiser na conferência Ciência para Todos, Maeda, doutor pela Universidade de Tsukuba e autor do best-seller “Laws of simplicity”, usou um cooktop e meia dúzia de panelas para explicar a uma plateia de admiradores o que a cozinha ensina sobre criatividade, tecnologia e o futuro da inteligência artificial.

Crédito: Ag. Enquadrar/ Divulgação RIW

Maeda abriu sua palestra de culinária tecnológica chamando uma voluntária para ser a “chef da inteligência artificial”. Com essa ajudinha, explicou que há dois grandes tipos de IA: uma derivada do aprendizado de máquina, aplicada, por exemplo, em dispositivos médicos; e outra baseada em modelos de linguagem, que transformam palavras em longos vetores numéricos. Para os humanos, isso parece inteligência, mas, disse o tecnólogo, no fundo, não passa de  matemática. E, na hora de apresentar o conceito de “AI Kitchen”, Maeda distribuiu macarrão para a plateia, comparando a massa aos vetores numéricos que estruturam o funcionamento dos modelos.



O tecnólogo também usou a tesoura para representar a forma como humanos e IAs funcionam tentando prever e completar palavras ou frases. Segundo ele, uma lâmina é o contexto, a outra é a cognição. O grande desafio, segundo ele, é encontrar o contexto certo — algo que, na avaliação de Maeda, continua sendo mais arte do que ciência. Ele relembrou a história do primeiro chatbot criado em 1966, com regras simples de repetição e perguntas genéricas, para mostrar como a percepção de inteligência pode ser enganosa.



Maeda usou ainda o interesse de jovens por câmeras digitais antigas para refletir sobre a busca por autenticidade e sobre como cada geração lida com novas tecnologias. Defendeu que a IA não deve ser vista como ameaça ao pensamento crítico, mas como ferramenta que acelera processos — desde que se compreendam seus fundamentos. “Se você colocar coisas boas, saem coisas boas; se colocar coisas ruins, saem coisas ruins”, resumiu, reforçando a importância do uso consciente e do otimismo ativo diante das inovações.



Sadi e Lo Prete fazem reflexão sobre o papel do jornalismo profissional no Brasil



Qual é o papel do jornalismo em um contexto de multiplicação de criadores de conteúdo e do advento da Inteligência Artificial? Este foi o foco do painel “Uma reflexão sobre o papel do jornalismo profissional na sociedade brasileira”, com as jornalistas Andréia Sadi, da GloboNews, e Renata Lo Prete, da TV Globo, na tarde desta quarta-feira, no Rio Innovation Week 2025.

Crédito: Ag. Enquadrar/ Divulgação RIW

O Rio Innovation Week continua amanhã, quinta-feira, com diversas atrações, como o prêmio Nobel da Paz, Denis Mukwege, e a ativista dos direitos humanos moçambicana, defensora dos direitos das mulheres e crianças, Graça Machel. O RIW 2025 traz ainda os futuristas Amy Webb e Neil Redding; o astrofísico Adam Frank; Peter Diamandis, pioneiro em inovação e fundador da XPRIZE Foundation e da Singularity University; o historiador e escritor Leandro Karnal em painel com Marcelo Gleiser, e a escritora e publicitária Carla Madeira.



Serviço



RIO INNOVATION WEEK 2025

Quando: 12 a 15 de agosto de 2025

Onde: Pier Mauá- Rio de Janeiro- Brasil –

AV. RODRIGUES ALVES, 10 | PRAÇA MAUÁ, RIO DE JANEIRO | RJ, 20081-250

Ingressos: Sympla

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