sáb. dez 6th, 2025

O novo jazz do Brasil foi aplaudido com Tunico Quarteto na noite desta sexta, em Jericoacoara, no festival Choro Jazz.

Um festival de encontros entre gerações e de acesso gratuito! Neste sábado tem Rosa Passos

Muito, mas muitos aplausos para um dos novos nomes da cena jazz do Brasil: o saxofonista e compositor Tunico, à frente de um quarteto de craques na improvisação a partir de bases suingadas, elegantes, noturnas, mas também de temas brasileiros, ensolarados, entre o baião e o maracatu. Assim foi o começo da noite de sexta-feira, 5/12, em Jericoacoara, quarta noite do festival, que, apresentado pela Petrobras, vem desde terça-feira transformando a Vila de Jericoacoara na capital da música do Brasil para o mundo, com uma maratona de oficinas, shows, rodas de improvisação e muitos encontros entre os músicos e destes com o público. 

Tudo em uma das mais belas praias do planeta, a internacional Jericoacoara, onde jovens músicos como o carioca Tunico podem caminhar pelas ruas de areia lado a lado com mestres como Teco Cardoso, Swami Jr. e Bebê Kramer, que tocaram no primeiro dia de festival. Novos artistas, como Caetano Brasil, que tocou na quarta, sendo muito aplaudido também, podem dialogar com veteranos como os integrantes do MPB-4, grupo vocal com nada menos que seis décadas… de carreira. 

Jovens instrumentistas como a acordeonista Lívia Mattos, da Bahia, têm a oportunidade de trocar figurinhas com outros jovens, adeptos do mesmo instrumento, como Ranier Oliveira, do Cariri, ou com Vanessa Ferreira, contrabaixista da banda do aclamado Chico Pinheiro, radicado em Nova York. Ou a mestra Rosa Passos, que faz show neste sábado, como uma das atrações mais esperadas desta 16a. edição do Choro Jazz. Ou ainda com as integrantes de um grupo feminino, como o Tocaia, que prometem colocar todo mundo pra dançar ao unir xote, xaxado, baião e… improvisação.

Filho de pintor e levando seus saxofones soprano e tenor a compor telas de improvisação sobre temas que pareciam dialogar com a lua cheia sobre Jeri, Tunico conquistou o público ao demonstrar a naturalidade e a verdade com que abraça seu modo de fazer música, de improvisar, de criar a todo momento. Desde antes de tocar, quando assistiu ao solo de bateria de Fofo Black, aplaudidíssimo, abrindo um show em que vários temas tiveram introduções especiais, climáticas, ambiências criativas, deixando interrogações no ar, pelo que viria a cada música, e ao mesmo tempo convidando os ouvintes a mergulhar com Tunico e grupo na música da alma, música da criação efêmera, na preciosa herança afroamericana da música jazz.

Com metade dos temas temperados de urbanidades, com referências que ajudam a dialogar com plateias mais jovens mas jamais abandonam a essência da improvisação, metade das composições trazendo essa vivência para gêneros bem brasileiros, Tunico se destacou desde a primeira da noite, seu lançamento mais recente, “Nem parece novembro”, que teve participação do saxofonista Chris Bulleck, seguindo com “O que virá” e “Sucupira”, sempre com a guitarra de Haroldo Eiras também chamando muita atenção, entre efeitos diferentes escolhidos a cada música. Como no disco “Tunico”, de 2023, que lançou o nome do jovem músico a um novo patamar de visibilidade, inclusive em festivais como o Choro Jazz. E na irrequieta “Chico Lira no pagode”, uma homenagem ao pianista do grupo, que não pôde estar em Jericoacoara.

No baixo, lembrando o curitibano Glauco Solter, Giordano Gasperin não para de suingar um só momento, deixando o corpo refletir a musicalidade que emana, traduzida pelo instrumento. E, tal qual Haroldo Eiras, Fofo Black é um show à parte, sempre acolhido pelo público com novos aplausos a cada momento de destaque.

“Eu amo muito eles. São muito criativos e amigos. Isso faz a música ficar mais gostosa”, derramou-se Tunico, agradecendo pela oportunidade de estar em Jericoacoara. “Com certeza este é um dos festivais mais bonitos do Brasil, ou então do mundo. Hoje à noite tem mais dois caras que admiro muito, Amaro Freitas e Salomão Soares. Então estou feliz de fazer esse show pra vocês”, concluiu Tunico. E o público, mais ainda, em ter o privilégio de assistir.

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