Um dos compositores mais respeitados do Brasil, Paulinho Rezende classifica cantor Duda Ribeiro como uma “simbiose entre Clara Nunes e Alcione”


O artista, que vem se destacando como uma grande revelação do samba atual, impressiona por sua voz potente, forte e ao mesmo tempo suave. Uma voz masculina que remete a duas vozes femininas absolutamente icônicas.

Um dos maiores compositores da música brasileira, Paulinho Rezende — autor de clássicos eternizados nas vozes de Ivete Sangalo, Jorge Aragão, Diogo Nogueira, Emílio Santiago, Emicida, Almir Guineto, Glória Groove, Beth Carvalho, Chitãozinho & Xororó, entre muitos outros — teceu elogios emocionados ao cantor Duda Ribeiro, que prepara o lançamento do álbum “Fé”, produzido pelo próprio Paulinho.

Com mais de 40 músicas em trilhas sonoras de novelas e milhares de composições gravadas, Paulinho Rezende é considerado um dos mais respeitados e gravados compositores do país. Entre seus maiores sucessos estão “Seu Balancê”, “Mais Feliz” (Zeca Pagodinho), “Moleque Atrevido” (Jorge Aragão), “Nuvem de Lágrimas” (Fafá de Belém/ Chitãozinho e Xororó), “Pelo Amor de Deus” (Emílio Santiago), “A Loba”, “Meu Ébano”, “Menino Sem Juízo” (Alcione), “A Chave do Perdão” (Almir Guineto), e “Se A Fila Andar” (Beth Carvalho/ Toninho Geraes) — só para citar alguns exemplos que marcaram gerações.

Durante o processo de produção de “Fé”, Paulinho fez uma declaração que chamou atenção e emocionou o meio musical: “Digo em termos de repertório e, principalmente, em termos vocais. A voz do Duda me remete a uma verdadeira simbiose de Alcione com Clara Nunes. Porque se você observar a textura vocal do Duda, tem momentos em que ele lembra a Alcione e outros em que lembra muito a própria Clara. Quando ele canta músicas sobre a africanidade, me traz totalmente a memória da Clara Nunes. Fecho os olhos e vejo as duas. Mas o Duda não imita — é algo natural, divino. Ele nasceu com esse timbre e essa força. Nosso cenário estava carente desse tipo de artista: potente, suave e verdadeiro.”

Paulinho ainda ressaltou o impacto de uma voz masculina que evoca duas referências femininas tão icônicas: “Talvez por ele ser homem, seja ainda mais impressionante, porque é uma voz masculina que remete a duas vozes femininas absolutamente marcantes. Há excelentes cantores hoje, mas não com esse estilo. O Duda tem uma mistura gostosa das duas, mas é, ao mesmo tempo, um cantor único. Carismático, com identidade e um timbre que ninguém mais tem.”



Ao saber da comparação, Duda Ribeiro recebeu as palavras como um presente: “Sou uma simbiose, sim! Essas duas cantoras vivem dentro de mim — Clara Nunes e Alcione (risos). Aprendi a cantar ouvindo as duas. Clara foi a minha inspiração maior. Eu era adolescente quando minha tia Ivone colocava suas músicas no carro, e eu ficava fascinado com sua imagem e sua voz. Quando ela faleceu, prometi a mim mesmo que faria o possível para que Clara nunca fosse esquecida.”

O cantor também falou sobre sua conexão espiritual e musical com Clara Nunes e Alcione: “A espiritualidade da Clara me influenciou muito. Sou filho de orixá há 34 anos, do orixá Ayrá, e isso me dá intensidade e verdade no que canto. Alcione me toca no lado romântico — nas letras, na emoção, na entrega. A comparação com elas é uma honra e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade. Subo no palco para cantar com afinação e emoção, porque o meu canto é missão, é força de oração.”

Fotos: Márcio Farias

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