A economia, muitas vezes vista como uma ciência fria de números, revela-se na Argentina como um processo de restauração artística. Após anos sob a fuligem de uma inflação sufocante, o retrato social do país vizinho começa a recuperar traços de dignidade que pareciam perdidos.
Os dados do terceiro trimestre de 2025 soam como um alívio sinfônico: a pobreza despencou de 54,8% (no início de 2024) para 27,5%. É a moldura de um novo tempo, onde mais de 10 pontos percentuais de argentinos deixaram a vulnerabilidade em apenas um ano — o nível mais baixo desde 2018.

O gráfico da inflação (veja a imagem) desenha uma curva descendente que traz consigo o retorno do poder de compra. A fome extrema, que antes manchava o cotidiano de 20% da população, agora atinge 5,4%.
A Técnica por Trás da Obra:
O governo Milei utilizou o “cinzel” de um ajuste fiscal e monetário rigoroso. Embora a técnica tenha sido dura e austera, os resultados começam a compor uma nova estética econômica. Com um PIB projetado para crescer acima de 5% e uma inflação que finalmente “modera sua intensidade”, a Argentina parece estar saindo de um longo período de expressionismo abstrato e caótico para buscar um realismo mais próspero.
Resta saber se esta nova fase terá a durabilidade de uma obra clássica ou se será apenas uma instalação temporária de otimismo.

