“Ainda dá tempo de trocar de chinelo para o réveillon?” Essa foi a reação de muitos depois da polêmica envolvendo a propaganda da Havaianas, que deve ter chegado até os seus ouvidos.
A tradicional empresa dos chinelos estreou um comercial com a atriz Fernanda Torres, recomendando algo inusitado para o seu fim de ano: não começar 2026 com o pé direito.
“Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito”.
Fernanda Torres na campanha da Havaianas
Apesar da narração de Torres continuar dizendo que as pessoas devem começar o ano com os dois pés, políticos da direita se manifestaram imediatamente nas redes sociais e um movimento de boicote à Havaianas se alastrou.
- A marca que costumava receber cerca de mil comentários por postagem passou a registrar mais de 70 mil — em grande parte, críticas à campanha.
- No efeito colateral imediato, a principal concorrente, a Ipanema, viu suas publicações recentes serem inundadas de comentários (positivos).
Ok, mas qual a relevância?
Mais que um simples boicote, é o retrato de um país que persiste dividido às vésperas do ano eleitoral, mostrando que empresas, marcas e suas associações serão puxadas para dentro da disputa política.
- No caso da Havaianas, a discussão ganhou ainda mais camadas quando internautas resgataram a história societária da Alpargatas, dona da marca.
A empresa já pertenceu ao grupo Camargo Corrêa, envolvido na Lava Jato, e depois foi vendida para a J&F Investimentos, dos irmãos Batista — conexões rapidamente interpretadas pelos críticos como alinhamento ao governo atual.
Atualmente, no entanto, a Alpargatas é uma companhia de capital aberto, com cerca de 29% de participação da Itaúsa e presença relevante de fundos ligados à família Moreira Salles entre seus principais acionistas.

