Samba e resistência nas telonas: BFV Cultura e Esporte entrega medalhas e anuncia filme sobre Dona Ivone Lara



Cinebiografia “Dona Ivone Lara – O Prazer da Serrinha” vai resgatar a trajetória da dama do samba, com produção já em fase inicial e estreia prevista para 2026

O samba vai ganhar um novo palco: as telas de cinema. E quem assina essa importante missão é a BFV Cultura e Esporte, que anunciou oficialmente o início da produção da cinebiografia “Dona Ivone Lara – O Prazer da Serrinha”, um projeto que promete emocionar o Brasil e resgatar a trajetória de uma das maiores artistas da música popular brasileira.

As gravações estão programadas para começar em setembro deste ano, com lançamento previsto para 2026. O anúncio, feito no mês de julho, movimenta o cenário cultural, principalmente entre os fãs de samba, estudiosos da música brasileira e o público que há tempos aguardava uma grande produção audiovisual sobre a vida da grande Dama do Samba.

A proposta da cinebiografia é revisitar de forma sensível e potente a trajetória de Dona Ivone Lara – uma mulher negra, compositora, cantora, instrumentista, enfermeira e assistente social que desafiou as barreiras de um universo musical historicamente masculino. Ela foi a primeira mulher a integrar a ala de compositores da escola de samba Império Serrano, além de assinar clássicos que atravessaram gerações como “Sonho Meu”, “Alguém Me Avisou”, “Acreditar”, “Tendência” e “Nasci pra Sonhar e Cantar”.


O roteiro do filme promete ir além da trajetória musical. A produção vai abordar também a atuação de Dona Ivone no campo da saúde mental, ao lado da psiquiatra Nise da Silveira, nos anos em que trabalhou como enfermeira e assistente social. Essa faceta da artista, pouco conhecida pelo grande público, reforça a dimensão humanista de sua vida.

A realização do longa é fruto de uma articulação da BFV Cultura e Esporte, que tem apostado em projetos de grande relevância social e cultural. O filme será distribuído em circuito nacional e busca dialogar tanto com quem já conhece a história da artista quanto com as novas gerações que ainda vão descobrir a grandeza de Dona Ivone Lara.

MEDALHA DONA IVONE LARA
No compasso de um samba que nunca para de tocar, o Brasil celebrou em 2025 os 103 anos de nascimento de uma das maiores representantes da música popular brasileira: Dona Ivone Lara. Considerada a Grande Dama do Samba, a artista não apenas deixou um legado sonoro, mas também social, cultural e afetivo, que agora ganha novas dimensões – nas mãos do cinema e através de uma série de homenagens a personalidades que mantêm viva a chama do samba.

O ponto alto da comemoração aconteceu em abril, em dois dias e dois palcos: no dia 12 São Paulo abriu os festejos no tradicional Bar Samba, na Vila Madalena. No dia seguinte, 13 de abril, data oficializada por lei como o Dia Nacional da Mulher Sambista, o Rio de Janeiro deu sequência ao tributo, com uma celebração no Baródromo, na Tijuca.

Ambos os eventos reuniram artistas, intelectuais, fãs e representantes da cultura popular, numa verdadeira roda de emoções e música. Na programação, medalhas de honra foram entregues a nomes que seguem reverberando a força do samba e da cultura negra brasileira: Maria Bethânia, Iza, Péricles, Ferrugem, Belo entre outros artistas e personalidades da arte e da cultura. As condecorações reconheceram a relevância desses artistas na preservação, difusão e inovação do samba, e principalmente no fortalecimento da representatividade feminina dentro desse universo.

A noite paulista foi marcada por uma roda de samba conduzida por André Lara, neto de Dona Ivone, que emocionou o público com histórias de bastidores da vida da avó. Também subiu ao palco a atriz e cantora Letícia Soares, vencedora de prêmios como o APTR, Bibi Ferreira e Cesgranrio, além de ser destaque em importantes musicais como “A Cor Púrpura” e “Marrom”. Letícia, inclusive, viverá Dona Ivone nas telas de cinema em uma produção que promete emocionar o Brasil.

O anúncio oficial da cinebiografia, intitulada “Dona Ivone Lara – O Prazer da Serrinha”, foi um dos momentos mais aguardados da noite. O filme é uma realização da BFV Cultura e Esporte, em parceria com a Agojie Bravos Conscientes e outras produtoras que acreditam no legadoda Dama do Samba. A produção tem como missão não apenas retratar a trajetória musical da artista, mas também revelar sua faceta como mulher negra, enfermeira, assistente social e militante da saúde mental. Dona Ivone atuou ao lado de Nise da Silveira na reforma psiquiátrica brasileira, um capítulo muitas vezes pouco conhecido pelo grande público.

O filme terá um olhar afetuoso e político sobre a vida da sambista, reforçando sua luta por espaços que, historicamente, foram negados às mulheres negras. Mais do que um registro biográfico, a obra promete ser um manifesto visual sobre identidade, resistência e cultura popular.

A escolha da data para iniciar o projeto cinematográfico não foi por acaso. O Dia Nacional da Mulher Sambista, oficializado por meio da Lei nº 14.834, é uma conquista recente, mas de enorme significado. Instituída justamente para lembrar o nascimento de Dona Ivone Lara, a data representa um marco na luta por visibilidade e valorização das mulheres no samba – espaço que, por décadas, foi majoritariamente masculino.

Além da entrega das medalhas e do lançamento simbólico do filme, os eventos contaram com depoimentos de artistas premiados, mensagens em vídeo de homenageados que não puderam comparecer presencialmente e momentos de exaltação à importância de contar histórias como a de Dona Ivone para as novas gerações.

Durante os discursos, a emoção foi a tônica. “Quando recebi a notícia de que seria homenageada no Dia da Mulher Sambista, lembrei imediatamente das canções de Dona Ivone que embalaram a minha infância e minha formação como artista. É um reconhecimento que carrego com muito orgulho e com ainda mais responsabilidade”, declarou a cantora Iza, em vídeo enviado especialmente para o evento.

Maria Bethânia, outra homenageada da noite, destacou em sua mensagem a força poética de Dona Ivone e seu papel essencial na música brasileira. “Ela nos ensinou que o samba é também uma forma de oração, de cura e de resistência”, disse a cantora baiana.

A movimentação cultural gerada pelo projeto promete ir além da cinebiografia. Segundo a organização, outras ações educativas e culturais serão desenvolvidas nos próximos meses, como oficinas, rodas de conversa e projetos sociais em comunidades periféricas, sempre com o objetivo de preservar e multiplicar o legado de Dona Ivone Lara.

Ao final da roda de samba no Rio de Janeiro, André Lara resumiu o espírito da celebração: “Minha avó cantava que ‘o samba tem poder de reunir’. E hoje é exatamente isso que estamos vivendo aqui: música, cultura, memória e o futuro se encontrando para manter viva a história dessa mulher que abriu tantos caminhos”.

Com músicas eternizadas na voz de grandes estrelas e agora com o cinema como novo palco, a história de Dona Ivone Lara segue pulsando e inspirando o Brasil inteiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *